O ruído se cria porque você ignora você.
Eis a cilada que todo mundo cai pelo menos uma vez na vida.
Ela já estava à beira de desistir, voltar o seu perfil para o pessoal e retomar as postagens do seu café favorito e do seu bichano. Mas, por outro lado, havia uma voz que gritava no fundo da consciência dizendo: “não desiste ainda, pode ser que exista um jeito de crescer, vender sem se vender”.
Um “porque” que vive numa corda bamba, instável e sem chão. Esse tem sido o destino dos projetos, marcas e propósitos que ousam navegar no mar da internet. E esse caso que descrevi acima já foi o meu e é, dia a dia, o das mulheres que atendo em consultoria.
E aí surge a provocação: seria mesmo ousado almejar um meio de sustento que seja digno, honesto e que não me peça para assinar um contrato vendendo a minha alma? Honestamente, creio que não.
Mas, é mais difícil. Não pense que não.
Toda vez que você nadar contra a maré, será testado por forças muito maiores que você e tentado a ceder. Essa é a minha “briga” hoje, porque não quero seguir a manada, ser mais uma e seguir a psicologia extrema dos gatilhos para conseguir vender por medo, porque essa seria a forma mais “fácil” de tirar dinheiro de um tolo desesperado.
Fórmulas, hacks, tendências, o novo formato de conteúdo, a estrutura que vende… só de digitar essa linha já me cansei. É chato, pedante e batido. Ninguém (com mais de dois neurônios) aguenta ler e ouvir isso todos os dias sem ter vontade de deletar o Instagram e se mudar para o meio do campo — meu sonho, inclusive.
Quando você deixa a venda começar a tapar seus olhos…
… o ruído começa a se instalar.
Há quem pense que só tem uma mente confusa que já não tem mais salvação. Mas não. Eu já vivi (e ainda vivo) momentos em que não consigo enxergar com clareza, mas a diferença é que hoje sei sair dessa situação. Mas boa parte dos profissionais que usam o digital, não.
Qual costuma ser o nosso primeiro movimento de decisão quando nos deparamos com a confusão de pensamentos? Buscar respostas.
E onde buscamos essa resposta hoje em dia? Na internet. E, melhor dizendo, no Instagram.
O problema é que você busca resposta e clareza mental e acaba com obesidade intelectual. É o post daquele psicólogo que você gosta de acompanhar, os stories que foram passando e te lembrando que fulana está melhor na vida, que a ciclana acabou de comprar um carro com o dinheiro que fez na internet e da beltrana que fez, em apenas 1 hora, o cronograma de conteúdo do mês que, segundo ela, é simples demais e quem não consegue é burro — a não ser que compre o curso dela, claro.
E o que mais isso causa? Ansiedade, medo de ficar para trás, desânimo, pessimismo e uma pontinha de depressão que te diz “é, não sei se isso é mesmo pra mim” e que te faz olhar para o conteúdo da concorrência e pensar “o jeito é fazer o mesmo que ela, não é possível que não funcione”.
Bingo! Você acabou de esquecer de si. E está a um passo de virar mais uma figurinha repetida do mercado.
Se você se encontra aqui, não se sinta mal. Eu já estive nesse lugar e 90% do mercado também.
Agora, o ponto é: quando você vai sair daí.
Como voltar para si
Não tem segredo e nem como fugir, para voltar a saber como você pensa, no que acredita, como age e saber, de fato, o que quer fazer, precisa entrar em casa, fechar a porta e começar a tirar o pó que ficou acumulado.
Em outras palavras, hora de se fazer as perguntas fundamentais e não usar nenhum atalho para respondê-las (nada de ChatGPT aqui, meu caro/minha cara).
Como estamos falando sobre ruídos na sua comunicação — aquela mesma que você precisa ter mais claro que água se quiser atrair pessoas que comprariam de você, se posicionar e construir a sua marca —, vou deixar perguntar objetivas que cumprem essa função:
O que eu faço?
Por que faço o que faço? (sim, estamos falando de propósito)
E como eu acredito que isso funcione?
O que eu nunca faria nesse tema/área nem que me pagassem?
Qual tipo de pensamento eu discordo quando o assunto é [o que você faz]?
Como definiria os 3 valores que mais regem a minha vida?
Eu tenho aplicado esses valores como balizadores dos conteúdos mais recentes?
Se eu não tivesse seguindo nenhuma regra e nem “estratégia” como ficaria o último conteúdo que fiz e não gostei tanto?
Eu teria coragem e orgulho de apresentar o meu perfil e indicar algum dos meus posts para uma pessoa que admiro?
Exercício: escreva livremente (no papel ou pelo computador) tudo o que te vem em mente quando você pensa na insatisfação e sensação de estar perdido(a) de si.
Só de parar e pensar nessas perguntas e nas respostas você já vai perceber onde foi que começou a se perder e relembrar aqueles pensamentos, conclusões, explicações e ideias que você já teve um dia e criar mais como você mesmo.
O ruído ronda a sua comunicação todo santo dia, e pode te pegar desprevenido(a) se você não pratica um exercício simples de presença. Estar presente é estar atento, e a atenção te chama para a intencionalidade, que te faz não agir por impulso, mas por sentido.
Espero que este texto tenha sido como uma bússola para você que se sente perdido. Não é incomum, mas não deveria ser normal viver assim. Por isso, conte comigo aqui e nas outras redes para te ajudar a retomar o leme da sua comunicação e conteúdo e não se perder no propósito. 🧭
Nunca fiz isso aqui, mas para tudo há uma primeira vez.
Se você leu até aqui e teve algum pensamento que acha que daria uma boa conversa ou complemento, gostaria muito de ler o seu comentário.
E se lembrou de alguém que anda com muito ruído mental por aí, não se acanhe e compartilhe este texto com ele.